E nem o céu ou as estrelas podem te trazer de volta

quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

ninguém desconfia do meu anti socialismo interno.



E de repente, a menininha cresceu. Ela já leva o namorado em casa. Ela já usa salto alto e batom vermelho. Já sabe como provocar um homem. E já beijou mais bocas do que seu pai imagina. Já sabe como machucar alguém. E já sabe que não deve chorar por nada. Já foi sensivel hoje é fria. E de repente, ela já tem mais cabeça do que qualquer mulher. Ela já sabe a medida exata para seduzir alguém e esculachar alguém também. Já sabe o que quer da vida e já usa tinta nos cabelos. Já planeja ter seu carro e seu apartamento. Já tem argumentos para tudo o que quer. E já sabe manipular o homem ou mulher que quiser. Já brigou com amigas e já traiu um namorado. Ela já falou com todos os estranhos que a mãe sempre disse para ficar longe. E de repente ela já saiu a noite, já vomitou de tão bebada. Ela já sabe estudar. Já sonha com uma profissão e já pode cuidar do irmão. De repente ela já faz comida. Já lava a louça e cuida do namorado. E de repente ela tem... Quantos anos? E de repente isso não importa, e de repente ela não é mais uma menininha!


Não sei bem o que dizer sobre mim. Não me sinto uma mulher como as outras. Por exemplo, odeio falar sobre crianças, empregadas e liquidações. Tenho vontade de cometer haraquiri quando me convidam para um chá de fraldas e me sinto esquisita à beça usando um lencinho amarrado no pescoço. Mas segui todos os mandamentos de uma boa menina: brinquei de boneca, tive medo do escuro e fiquei nervosa com o primeiro beijo. Quem me vê caminhando na rua, de salto alto e delineador, jura que sou tão feminina quanto as outras: ninguém desconfia do meu anti socialismo interno.